Em julgamento realizado em Ipatinga (MG) na sexta-feira (19/06), Alessandro Neves Augusto, o "Pitote" foi condenado a 16 anos de prisão pelo assassinato do radialista e jornalista Rodrigo Neto de Faria e por uma tentativa de homicídio no dia 8 de março de 2013. O Ministério Público recorrerá da decisão por considerar a pena imposta muito pequena.
Contra “Pitote” pesam duas acusações: o assassinato de Rodrigo e uma tentativa contra um amigo do radialistas e jornalista que estava com ele no dia do crime. Neto foi assassinado próximo a uma barraca de churrasquinho no bairro Canaã. Alessandro respondeu por homicídio duplamente qualificado, mediante surpresa e para assegurar a impunidade do crime cometido contra o repórter quando atirou contra o amigo dele. A segunda vítima só não foi atingida por “Pitote” porque conseguiu se esconder atrás do carro de Rodrigo.
A primeira condenação relacionada ao crime ocorreu em agosto do ano passado. O ex-policial civil Lúcio Lírio Leal foi condenado a 12 anos de prisão por ter participado da trama ao fazer a rota de fuga para “Pitote”. Lírio cumpre pena na Casa de Custódia do Policial Civil, em Belo Horizonte.
Rodrigo Neto foi vítima de um grupo de extermínio, segundo a Promotoria. O delegado Emerson Morais, que foi testemunha no júri popular, disse que a morte de Rodrigo Neto foi decidida em uma mesa de bar. “Policiais militares, civis, políticos, assessores e os dois acusados (Alessandro e Lúcio) estavam em uma mesa de bar quando começaram a dizer que Rodrigo estava “falando demais” e decidiram pela morte dele. O Lúcio, que era novo na polícia, e Pitote pegaram o serviço para se vangloriar dentro do grupo”, disse.
A pena imposta ao réu pelo crime de homicídio foi de 12 anos de prisão, limite máximo para réu primário. Pela tentativa de assassinato contra um amigo de Rodrigo — que estava com ele no dia do crime –, o juiz entendeu que foi uma tentativa branda, já que a vítima não foi atingida, e fixou a pena em 4 anos.
No somatório, Alessandro Neves Augusto ficará teoricamente preso por 16 anos em regime fechado. Na prática, pelos dois crimes, o réu poderia ser solto em pouco mais de 8 anos após cumprir 2/3 da pena, levando-se ainda em consideração os dois anos que se encontra detido. Porém, pesam contra ele acusações de outros dois crimes contra a vida: uma dupla tentativa de homicídio em Vargem Alegre e o assassinato do fotógrafo freelancer Walgney Carvalho.
O advogado de defesa de ‘Pitote’, Rodrigo Carmo disse que o julgamento foi completamente contrário às provas existentes nos autos. “Levaremos este caso até Brasília se for o caso. Vamos tentar mudar o rumo desta história”, disse. Já o promotor de justiça Francisco Assis disse que a condenação deveria ser acima do mínimo legal. “Em minha opinião, tecnicamente teria como a pena ser mais alta, mas o juiz entendeu atribuir penas mínimas tanto para o homicídio consumado quanto para a tentativa de homicídio. O MP discorda e iremos recorrer desta condenação”, finalizou.